26 de julho de 2011

o mar


Não sou uma escritora ou jornalista de renome, fato que restringe, ou melhor, impossibilita a minha pretensão à carreira de cronista. Não escrevo sobre política, economia ou "atualidades" em geral, o que faz com que os meus escritos morram às margens da irrelevância, vazios do caráter informativo hoje fundamental para leitores "antenados". Não poderia ser diferente; se nomeei este blog de "Expresso do Inconsciente", além de socialmente irrelevantes, suas postagens seriam incoerentes se não traduzissem a alma do escritor, suas aspirações e, refratadas pelo leitor, a capacidade de reflexão que contém. Assim, tudo o que escrevo pode não ser aplicável às exigências de um mundo conectado aos massacres terroristas, às oscilações do mercado financeiro e à política internacional. Mas, certamente, são textos que harmonizam com o que, a priori, um expresso do inconsciente se propõe a trazer e levar como carga. 

Já faz um bom tempo que, reclusa, não visito o Expresso. Pena para mim, que perco contato com a nau que, tantas vezes, preveniu-me de afogar; pena para você que, leal, vem aqui de tempos em tempos em busca de algo novo para lhe inspirar, mitigar, remexer, transpirar. Sou como a Lua: tenho fases. E, mais predominantemente do que fases, metamorfoses. Houve um tempo em que as mudanças ocorriam em mim letárgica e incipientemente; quase não as percebia. De fato, era como se não existissem. Sentia-me petrificada: um gárgula vigilante, coberto de limo e cracas, à espera da passagem dos segundos, à guisa de anos, espiando insone, pelos olhos baços, a vida acontecer por trás dos rebocos das paredes. A imutabilidade, travestida de resignação, levava-me a crer que o meu sangue e vísceras, tais como a pele nua, gélida e sólida da estátua, não corriam nem respiravam. Não poderia estar mais enganada. Como na evolução das espécies, as mutações vão tomando conta dos nossos corpos e mentes a partir de aspectos tão diminutos, e tão lentamente, que nos fazem acreditar que nada muda. Mas a transmutação é inexorável; ainda mais quando lenta, disfarçada em camadas de certezas, e do avesso para fora. Ah, sim. Até estátuas sem rosto sofrem as mudanças impostas pela vida.

No torvelinho das mudanças, o tempo tem valor poético, mas não prático: dois meses são como dois dias; um ano se arrasta como dez. Quando toda a sua estrutura vai-se acomodando aos sacolejos, assim como a Pangeia à deriva continental, você é uma ilha cercada de tumulto, o olho cego de um furacão. Não percebe que está galopando, que o solo liquidifica-se aos seus pés e, ainda menos, para aonde o mar o levará, continente virgem, recém-nascido, errante e inexplorado. Está à deriva. À deriva das maremotos, do novo ser que, acabrunhado, não reconhece no espelho. Modificar-se é assombroso. Encontrar-se ao sabor das mudanças é aterrador.

Todo mundo sabe que tudo muda, que a vida é uma seqüência de modificações. E mudam também as maneiras como cada um encara essas transformações. O Raul, por exemplo, dizia com orgulho que preferia ser uma metamorfose ambulante a ter aquela velha opinião formada sobre tudo. Só que ele esqueceu de mencionar que mudar, além de assustar, dói. Disso bem sabe o Zeca, que afirma que é "mais fácil mimeografar o passado do que imprimir o futuro". Sair da zona de conforto, da pupa, da sombra e da carapuça de estátua é, definitivamente, mais trabalhoso do que permanecer em inércia. Há os desbravadores, claro, como chamo aqueles que não apenas abraçam as mudanças; caçam-nas. A vertigem, o suor frio, a confusão dos sentidos e a súbita cegueira parecem não os incomodar: os "desbravadores", à semelhança dos alpinistas, amam o desafio do desconhecido. Mudar, para eles, é como acomodar-se para nós, os "exilados".

Explico-me. Alguns parágrafos acima disse que sou como a Lua, que tenho fases e metamorfoses. No entanto, tais características não são naturais para mim. Ser alguma coisa não quer dizer exatamente gostar de sê-lo. Corrijo-me, pois: aceito ser Lua; sofro metamorfoses com resignação, mas, de forma alguma, busco-as. Ao contrário, as mudanças, como os furacões, pegam-me de surpresa. Sempre. Assim, não sou apenas Lua, incertezas e estátua exposta às intempéries; sou uma Dorothy "exilada", perdida na estrada de tijolos amarelos, sem Totó e tremendo de medo do próximo tufão. O indivíduo nasce com apenas três certezas, a tríade harmônica  da sinfonia de sua existência: (i) vai viver, por um tempo limitado; (ii) vai-se modificar e transmutar inúmeras vezes durante esse intervalo, assim como o próprio ambiente que o rodeia; (iii) vai secar, murchar, cerrar os olhos e fenecer. Além disso, entre o céu e terra, abro alas para Shakespeare e suas (nossas?) vãs filosofias.

De gárgula a espreitar o desenrolar dos acontecimentos, transformei-me em personagem central de um musical. Mas, não me deixo enganar. Não fui eu quem subiu ao palco e clamou para si o papel principal. As circunstâncias, o furacão da mudança e as ondas é que o fizeram. Ocorre que a canção que, durante tempos, foi responsável por causar-me náuseas, transformou-se, à revelia de mim, na letra da minha vida; ou, pelo menos, desta fração da partitura da minha vida:


"Eu já passei
Por quase tudo nessa vida
Em matéria de guarida
Espero ainda a minha vez
Confesso que sou
De origem pobre
Mas meu coração é nobre
Foi assim que Deus me fez...

E deixa a vida me levar
(Vida leva eu!)
Deixa a vida me levar
(Vida leva eu!)
Deixa a vida me levar
(Vida leva eu!)
Sou feliz e agradeço
Por tudo que Deus me deu

Só posso levantar
As mãos pro céu
Agradecer e ser fiel
Ao destino que Deus me deu
Se não tenho tudo que preciso
Com o que tenho, vivo
De mansinho lá vou eu...

Se a coisa não sai
Do jeito que eu quero
Também não me desespero
O negócio é deixar rolar
E aos trancos e barrancos
Lá vou eu!
E sou feliz e agradeço
Por tudo que Deus me deu"
Composição: Serginho Meriti

A poesia do Serginho Meriti, na voz do mais tupiniquim dos brasileiros, Zeca Pagodinho, e a bunda de biquíni paralisada num frame do vídeo acima são, bem... Um primor. Chega um momento da vida - mais cedo para uns, tardiamente para outros - em que o sujeito define o que quer ser, se não plenamente, pelo menos em seus contornos. Se você é do tipo que acredita que "definir-se é limitar-se", então é como eu: um retardatário da contra-definição: define-se não pelo que acredita querer ser, mas pelo que tem certeza do que não admitiria ser. "Deixa(r) a vida me levar", "deixa(r) o negócio rolar" e "ir de mansinho" eram tudo, menos o que eu planejara para mim. Na arrogância cega e inflexível da adolescência, quando não se é apenas mais um filho de Deus, mas um próprio deus imortal, eu acreditava que o destino, as decisões e os cursos das mudanças eram rédeas. E que estavam em minhas mãos. Confesso: preconceitos musicais à parte, pelos eriçavam-me da cabeça aos pés aos primeiros acordes de "Deixa a Vida me Levar". A vida não leva ninguém; nós levamos a vida. Certo...?

Com a adolescência vão-se as certezas absolutas e refratárias, vai-se a facilidade de se definir, esvai-se a coragem kamikaze de desbravar e ir de encontro às mudanças. Há tempos me pergunto quem leva quem, se somos rio ou canoa, ovo ou galinha. Tostines vende mais por que está sempre fresquinho ou... Exatamente. Nenhuma resposta fácil. E muito menos pronta. Hoje, sob os holofotes do palco, cega diante da platéia que, em silêncio e suspense, aguarda pela minha próxima fala, vislumbro, na última fileira do teatro, a sombra do gárgula passivo que fui. Mas, ainda assim, as mudanças conduzem-me mais do que eu a elas. Em minha frente há um longo caminho, que vai traçar uma linha divisória entre a marionete de então e o diretor de cena que espero ser. Serei? Seremos? Ou a vida continuará nos levando, no arroubo incompreensível das mudanças?

Por vezes simplesmente canso-me de planejar e de tentar me definir; geralmente dá errado. Se a vida é teatro, o improviso parece-me ser a bola da vez. E, se improvisamos, é porque alguma mudança houve no roteiro. Na história que eu pensava estar escrevendo e atuando, meus pais não envelheceriam nem seriam falíveis; eu seria uma mulher liberada, dona de si, confiante e independente; não haveria casamentos fracassados, desencontros amargurados ou decepções; a razão falaria mais alto, tão alto que calaria o ribombar incessante da minha passionalidade; a meia-idade demoraria séculos para chegar, assim como um filho; eu seria a extensão de minha família, seguindo-lhe as pegadas rumo a um destino certo. E viveria cercada de montanhas, sobre solo fértil e seguro e sob teto baixo. Se, ainda assim, tudo, absolutamente tudo desse errado, haveria até um "plano B": a fuga para as origens, para as raízes, para a terra, onde o solo não é apenas casa, mas útero. O meu "plano B" era uma fantasia doce e confortável, mas, mesmo assim, uma fantasia, uma involução, um renascer às avessas.

Ocorre que tudo, absolutamente tudo saiu diferente do planejado; até o "plano B". E, de calças na mão, no olho do furacão, mudanças de roteiro a me rodear, descobri que não havia outra rota de fuga, nenhum útero para me engolir, nenhum "plano C". O que faz o náufrago em mar aberto? Dá braçadas contra a corrente, só para se exercitar? Não, Cazuza, certamente não. Para não ser devorado pelo mar, o marujo à deriva, de olhos atentos ao barco que afunda a alguns metros dali, para sobreviver, boia. E deixa-se levar, nadando em favor das ondas, até que estas, complacentes, levem-no de volta para a praia. Exausto, sem fôlego, enregelado até os ossos. Mas, vivo.

Minha relação com o mar sempre foi conflituosa, paradoxal até. Desconfio da água, das profundezas, de sua cor mutável, da natureza adaptável dos líquidos. Água evapora e vira gás; solidifica-se e vira gelo; derrete e torna a ser água. Muda, enfim. A terra, não. Terra é constância e horizontalidade. Por isso sempre amei a terra, as montanhas e as árvores. O solo não escorre pelos dedos, nem vira nuvem; é terra e pronto. E, quando tocada pela água do orvalho ou da chuva, exala cheiro de casa, de segurança. De passado. Posso ceder aos apelos da nostalgia, mas não sou idiota. Vejo as mudanças acontecendo ao meu redor, dentro de mim, em meus anseios e temores. Assombro-me diante delas, sim, mas aceito que sou mudança.

Até pouco tempo, o mar era, para mim, uma entidade que, uma vez ao ano, visitava. Então dava-se início a minha busca por um oceano de águas mais mansas, claras e tépidas, onde pudesse me banhar, sem maiores sobressaltos: piscinas de água salobra. Eu amava aquela faixa de terra tocada pela água limitada de uma baía, onde permitia que o sol escaldasse-me a pele até a ardência máxima, a dor, o bronzeado transformador. Dois meses de mar parado e bronze dolorido eram o suficiente para que chegasse ao fim a minha relação com a água salgada da Terra. Eu dava adeus para o mar, dizia-lhe: "até o próximo verão", e voltava para o vale cercado de montanhas onde nasci. À medida que o cobre ia-me abandonando a pele, também evanesciam minhas lembranças do mar, da sua cor, da temperatura da água, do cheiro do mar.

Hoje faço morada num lugar que, além de montanhas e mata, é cercado de mar. Mar aberto, vivo, que, em dias de mau humor, fica de ressaca e lambe as calçadas distantes com suas ondas vorazes. Este foi o mais recente e relevante improviso no roteiro da minha vida: sair à rua, tomar uma lufada de brisa fresca no rosto e, mesmo sem ver o mar, sentir-lhe o cheiro de sal, a umidade. Outrora eu conhecera o mar apenas sob o céu azul de verão; hoje, debaixo do domo de chumbo do inverno, quando o vento é mais intenso e frio, o mar parece-me ainda maior, mais revolto e mais mutável. A maresia salobra continua lá. Continuam os movimentos incessantes das ondas, raspando as rochas gigantes, e o ir e vir das gaivotas; apenas as cores do cenário são diferentes, porque diversa é a estação.

O mar me ensinou que nem toda mudança é definitiva; algumas, são cíclicas: como as estações, as cores e os estados físicos da água, a temperatura da terra. E, sobretudo, o destino. Falharam-me os planos "A" e "B". As mudanças, por mim conduzidas ou não, o improviso e o mar foram o meu "plano C". Deixei-me levar pela vida, pelas ondas, pela necessidade premente de mudar e de recomeçar, de amar. A vida me trouxe a um ponto que jamais imaginei tocar e, não me restam dúvidas, há de me levar ainda mais longe. Se a coisa não sair do jeito que eu quero (ou planejo), não vou me desesperar; o jeito é deixar rolar. Com ou sem desespero, a vida vai seguir o seu curso, o rio vai desembocar no mar e as mudanças vão continuar sendo a regra do jogo, e não a exceção. Já passei por quase tudo nessa vida e, em matéria de guarida, espero ainda a minha vez. Num jorro de otimismo, arrisco dizer que já posso vislumbrá-los, o abrigo, a guarida, a duas ou três curvas adiante. Vou de mansinho, para não derrapar; sou feliz e agradeço, por tudo o que a vida, as mudanças, o destino e o (a)mar me trouxeram.

6 comentários:

  1. Então... Roberta
    Hoje quem está sem palavras sou eu.
    Li, re-li e não sei o que dizer. Pode???
    Quem sabe amanhã...
    Beijo pra você.

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  2. (...rs). Pode, minha amiga, linda. Para você, pode tudo. Espero suas palavras amanhã, ou quando puder. De mansinho...!

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  3. Alberto Lacerda27.7.11

    Querida Roberta, comentar um texto em que a escritora fala sobre si mesma, sobre seus sentimentos,é um pouco complicado,porque acho que de certa forma,invadimos um pouco sua privacidade.Por outro lado, estamos juntos nesse Expresso, no qual sou um simples passageiro e você uma excelente condutora,sem contar os inesquecíveis vôos de balão que você tem me proporcionado.E aproveitando a deixa,vou citar Bertrand Piccard ,que diz o seguinte: “A vida é como um balão, quando nos deparamos com ventos fortes a solução não é lutarmos contra eles, mas procurar novas atitudes novos ventos que nos levem na direção certa”. Dito isso,eu não vejo falhas em seus planos A e B ,vejo que você percebeu que não adiantaria “lutar contra os ventos fortes” e como você mesma disse, a vida te trouxe a um ponto que jamais imaginou tocar e, não te restam dúvidas, há de te levar ainda mais longe.E se você já sabe que em sua frente há um longo caminho, que vai traçar uma linha divisória entre a marionete de então e o diretor de cena que você espera ser,lembre-se do que já dizia Charles Chaplin “.A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos”. Quando você diz que não é uma escritora ou jornalista de renome,novamente vou discordar de você ,porque quem te acompanha, sabe que isso não é verdade,falta-lhe apenas um veículo que lhe permita atingir um número maior de leitores,e esse fato não impossibilita a sua pretensão à carreira de cronista,porque na verdade, você já sabe que é umas das melhores,se não for a melhor. Você e meus companheiros de viagem podem achar estranho um comentário desse tamanho ,alguns podem até pensar,que o comentário deveria ser breve.O que concordo,afinal, pra quem não queria invadir sua privacidade, já fui longe demais.Na verdade queria dizer que, sempre que estiver cansada, e sentindo que precisa reabastecer seu balão ,ou ainda ,conversar com os passageiros do expresso, estarei sempre aqui .Você pode vir com os cabelos longos ou curtos; morenos ,loiros ou marron ; pode chegar cantando Queen , Bob Dylan ou Montenegro, que você tanto gosta.O importante é que você saiba que além de um fã e seguidor,você também pode contar com um amigo.
    Um beijo enorme.

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  4. Alberto, meu amigo, desta vez o seu comentário - que não foi longo, foi ideal, do tamanho de um abraço à distância - me levou às lágrimas. Não de tristeza, frustração ou decepção, mas de alegria e alívio pela certeza de que, aonde quer que ventos, mares ou furacões nos levem, não estamos (não estou) só. Suas citações são tão pertinentes...! E eu não poderia concordar mais. Tê-lo como amigo e seguidor desse Expresso é uma honra, e esta não é a primeira vez que digo isso. Porque, além de fiel leitor, você é grande, especialíssimo observador de almas. É em horas como esta que eu realmente sinto não poder ter um espaço para que mais gente leia o que escrevo e, mais importante do que meus escritos, a reação que eles provocam - seu(s) comentário(s). Não se preocupe: você, em momento algum, invade a minha privacidade. Este é, acima de tudo, um espaço livre, um solo fértil, um céu aberto para trocas, entregas, conhecimento e vivência. E, hoje, aprendi muito com você. Aprendi, apreendi, senti. Como agradecer por algo tão único e insubstituível quanto um presente assim? Mais uma vez, e sempre, OBRIGADA. Por seguir, por ser fã, por comentar, por me ofertar a sua amizade. Abraço imenso.

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  5. Alberto Lacerda30.7.11

    Roberta,você me deixou sem palavras,diante disso,vou deixar que uma música da Alanis,fale por mim.Pra não atrapalhar a linda música,ela vai na versão original(Uma mulher cantando).Mas você entenderá o sentido.Abraço enorme!!!


    Head Over Feet
    Alanis Morissette

    I had no choice but to hear you
    You stated your case time and again
    I thought about it

    You treat me like I'm a princess
    I'm not used to liking that
    You ask how my day was

    You've already won me over in spite of me
    Don't be alarmed if I fall head over feet
    Don't be surprised if I love you for all that you are
    I couldn't help it
    It's all your faults

    Your love is thick and it swallowed me whole
    You're so much braver than I gave you credit for
    That's not lip service

    you are the bearer of unconditional things
    You held your breath and the door for me
    Thanks for your patience

    You're the best listener that I've ever met
    You're my best friend
    Best friend with benefits
    What took me so long

    I've never felt this healthy before
    I've never wanted something rational
    I am aware now
    I am aware now

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  6. :- D
    Lindo. Entendo. Completamente. Sem palavras estamos os dois. Abraço grande.

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