16 de janeiro de 2011

jogo de azar

o azar e a sorte são irmãos siameses
amalgamados de tão forma em cativeiro 
que mal se pode distingui-los no desconhecido
dos dias que devoram enamorados por inteiro

caim e abel, anjos caídos
as faces de espelhos polidos e planos
dispostos de frente um para o outro
de modo a repetir infinitos enganos

o azar da sorte reside no "sempre vou te amar"
e anda de mãos dadas com o "nunca amarei ninguém" a sorte do azar
assim, imunes entre si, é nos apaixonados
que os irmãos vem sua frustração descontar


mas os tiranos esquecem, reles mortais
que os deuses os uniram pelos pés
de maneira que não podem caminhar sozinhos
sem sofrer os desmandos das marés

porque o mar, os deuses e o amor jogam juntos
e com eles vão-se a sorte e o azar
uma sombra indistinta na porteira do destino
este que chega disfarçado de brisa a soprar...

pfff...

e com o vento sem cheiro nem cor
abre-se a porta do cassino, muda a maré, vira-se o jogo dos amantes
o azar se veste de sorte e esta tira o dia para dançar
e na surpresa boa de um dia, a aposta volta a ficar empolgante

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