13 de abril de 2011

perder-se

Na metade do caminho entre a partida e a chegada
Perdi-me de mim; escapou-me aos olhos o horizonte
Flâmula  remota, pontilhada de contornos baços
Mar dos destinos onde a íris anseia por desaguar

No desencontro de mim evadiram-se as lentes
Com que, vexado, disfarçava minha indulgente miopia 
Cegueira nívea de quem toma os bondes errados
Para perder de vista o norte, a altitude e a origem

Em vertigem e alarido despejo-me do trem
O solo sufoca-me os pulmões, recolhe-me inerte
Tronco alquebrado pelo abraço de chumbo dos cipós

Míope, extraviado, inativo e árido
Nego o vicejo de brotos e o vento de galhos
Eu, que me perdi de mim e afundei-me raiz

6 comentários:

  1. Alberto Lacerda15.4.11

    Oi,linda a poesia, pelo visto,nossa conversa não atrapalhou em nada sua inspiração poética.Parabéns, alem de amigo, sou seu fã.beijos!!

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  2. Anônimo22.4.11

    ...enraizada, fica aqui se auto nutrindo a esperança de que de caras à terra fértil se faça de novo sua cabecinha, seus olhinhos, seu todo como numa florzinha.

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  3. Delicado e forte!
    That's my girl!
    Eu sempre encontro o que procuro nesse trem!

    Beijos nesse coração inspirado, Roberta!

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  4. Você voltou! At last! Sorrisão aberto aqui!

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