E daí se o espírito de equilibrista me tomou
...
Afinal, dançar na corda bamba de sombrinha
Tem lá os seus encantos
E nem poderia ser um mal.
Não quando a fronteira entre a embriaguez que fora
E o equilíbrio que desponta na alvorada
Deixou de ser intransponível.
Não quando se consegue mirar o norte
E fixar os olhos num farol
O mapa das galés aventureiras
Sedentas do ancoradouro onde dormir.
O mapa das galés aventureiras
Sedentas do ancoradouro onde dormir.
Não quando o borrão da rasura
Sumiu em meio aos traços loucos
De sussurros roucos
E reverências poucas.
Não quando as estrelas brilham rutilantes
E os trajes são véus de organdi
Da cor da tarde plena de um domingo índigo.
Não quando o receio do desconhecido
Partiu na poeira de um foguete
Pois não poderia ser diferente
Para quem amacia o carvão
Para quem amacia o carvão
E desenha uma iluminura inédita.
Não quando se respira a certeza
De que uma dor assim pungente
Não haveria de ser inutilmente.
Não quando o equilibrista se recorda
De que jamais deixara de ser um artista
Que o espetáculo há de continuar
No palco, na platéia, no mar
Em colinas verdes, de frio vento
Em colinas verdes, de frio vento
Sob holofotes ou na surdina.
Não quando a esperança ainda dança
Numa ponte, nas pontas dos pés
Sobre a corda dos mundos
Sobre a corda dos mundos
No púlpito, antes do primeiro passo
ResponderExcluirSomente a expectativa, a pressão o embaraço.
Ao final, senão na rede
suspiro aliviado, o fim do espetáculo.
Bom mesmo, é o meio da linha
dançar na corda bamba de sombrinha.
Equilibrar e desequilibrar,
Provocar suspiros na platéia
Suar o rosto, ditalar as pupilas:
As suas e as minhas.
Você precisa postar isso no Letruário. Seria um desperdício não fazê-lo. Principalmente para um equilibrista como você, meu amigo. Abraço gigante.
ResponderExcluirLindo!
ResponderExcluirPri, você por aqui, meu docinho de caqui! Saudades, minha linda. Obrigada por visitar e comentar. Beijos de kiwi!
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