21 de novembro de 2010

presentes

Chuva torrencial lá fora, aqui dentro um calor abafado. Em minha saliva, uma sede grande por novas estradas, horizontes mais amplos e ensolarados, rumos mais meus. Penso. Para aonde fugir...? Ver Milene. Mas a moça mora longe, está cansada da labuta semanal e, às vezes, se esconde. Milene sabe, principalmente, quando precisa se esconder, para se resguardar, defenestrar antigas gavetas da memória e do sótão do dia-a-dia, onde habita o mofo que ela precisa limpar. Mas, ainda assim, encontro Milene. E reencontro, na poesia doce que só ela sabe fazer, um presente que escreveu há tempos para mim.

Então, surpreendida em meu casulo abafado, tenho um pouco mais de sorte, em plena maré de azar no jogo, no amor e na dor. Ganho um full house quando falo com Maíra, que também está longe daqui. Mas Maíra é montanha, um gigante valente em cada partícula doída de seu corpo nu, de sua carne exposta, da sua alma fatigada; ela sempre vem a Maomé. E me encontra, cava a terra ao me redor, quebra unhas e derrama sol no meu quintal. Maíra me diz que um bolo deve permanecer no forno o tempo necessário para que, só então, possa ser servido com gosto para quem aprecia e conhece um bom e genuíno quitute do gênero. Não, curupira, nem tudo na vida é uma receita de bolo. E, não, piá, bater, assar e servir um bolo não é tão simples quanto se pode pensar. Retire-o do calor antes do tempo, cozinheiro, e ele murcha. Retire-o depois, mestre-cuca, e ele esturrica. Vira pedra, estátua de Medusa. A gente é tudo bolo, de fubá, chocolate, banana, nozes ou maçã, assando lentamente, escondidos ou não, esperando o tempo certo para fazer parte da festa da vida.   

penso nos ares de Roberta
pisando pesado sobre
ladrilhos pretos, brancos não_
torta vai pelo caminho_
but she does it her own way_
e ainda que não bastasse_
ser amendoada_
cria algo dourado
palpável intocável
diz a isso
come and save me
se recolhe em
uma ostra de remédios 
com óculo virtual
mas mesmo assim
complexa peregrina
presa ao chão
vejo duas gotas de mel 
no chá das cinco

mais uma Coca-Cola, 
please

do not disturb her 
she's being Roberta
 
and that takes a lot of time

por Milene Portela

Mais presentes dessa moça, você vê aqui: http://papelpequeno.blogspot.com

3 comentários:

  1. ôoo moça...!
    poizé, tô na fumaça, sumida.
    eu tô trabalhando bastante, Roberta, peguei um livro pra traduzir + aulas na escola + alunos particulares + pós + tentar viver no pouco tempo que sobra. it's darn hard.
    e no olho do furacão, venho aqui e vejo essa doçura de bolo de fubá... can you read minds, uh?
    ando numa vontade doida de fazer um bolo desses, disse essa semana para minha roommate.
    mas o seu bolo de palavras é mto mais gostoso e cheiroso e atrativo e cuidadoso e feitinho do seu jeito bonito.
    eu agradeço sempre sempre essa sua idéia de criar blog.
    tô sumidinha, mas eu olho seu espaço todo dia, tô vigiando e guardando vc, mesmo de longe e no silent mode (aquele que só vibra sem fazer barulho) =] .
    esse fds eu tenho planos para passar horas por aqui, saiba.
    e em Janeiro, eu tiro férias, crê nisso?
    wich means I can visit you sometime. =)

    keep on going, cause you're getting better in it.

    obrigada por tudim, mas vê se dá um jeito de mandar bolo de fubá via sedex. =D

    bjo bjo bjo

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  2. Vou te esperar aqui, Sunshine. Se você não vier, me prostro diante da entrada de Miguel, até me levarem a você. Ah, um bolo por sedex, quentinho... Até eu queria, Mi! Beijilhões!
    P.S.: Maybe, just maybe, I'm able to read minds. Perhaps yours, at least...

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  3. Anônimo24.11.10

    Acabei de me imaginar prostrada naquele portal de Miguel, os carros passando, eu lá, com cara de mormaço. Hum... Isso dá um conto!

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