mas dentro do casulo, onde a pupa espera pela mutação
os raios fulgurantes não penetram
a crisálida resiste, insistente
e se prende à casca, do idêntico modo
como o caranguejo insiste em não rumar para o norte
mas o sol vai ficando mais rutilante
a medida que o dia ocupa sua majestade
e o pedacinho de lua que havia, volta a se esconder
e escondem-se todos, em retroalimentação
a lua, do sol, o presente, do futuro
e a noite, do dia, como a pupa, do calor
e, ainda assim, a redoma da vida que nos protege e cega
sabe que não se pode esconder do sol nem da chuva pra sempre
e a natureza entra-nos alma e consciência adentro, pra verdejar
nascem-nos brotos virgens na casca
flores nas pontas dos galhos cinza e retorcidos
e frutos polpudos e aromáticos no cerne do corpo
então a luz entra pela janela e cega-nos
pequenas toupeiras assustadas e prenhes de auto-comiseração
defendendo-se da vida, da trasmutação e da felicidade
mas, em seu tempo, vão-se embora o temor pusilânime
a insegurança e a mania de viver na aurélia
e a borboleta, aprendendo a voar e se afeiçoando às próprias cores...
flap, flap, flap...
... sai ao sol do meio-dia, a ganhar o mundo.
Lindíssimo!
ResponderExcluirVocê por aqui, Fê! Quanta honra! E que bom que comentou. Made my day! Obrigada e beijilhões!
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