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"Dancer in Black", Fabian Perez |
já quis ser bailarina ousada
cor, aroma e fruta
quis ser nuvem vazada
por um raio do poente
quis boiar em mar-alto
de olhos fechados, no sereno
e ter a sensação de andejar
numa via-láctea individual
já quis ser balão de hélio
mais leve que o vento e a pluma
ascender, colorir e inflar
para ver o mundo com olhos de formiga
quis ser âncora firme
forjada em cracas milenares
e manter a nau em curso
na mais violenta das vazantes
já quis ser pena de pavão
colorida e exótica
a enfeitar o chapéu-coco austero
de um burguês incrédulo
quis ser pai, filho, mãe e amante
num quadrilátero impossível
em sua obviedade latente
quando o espaço é tão exíguo, sempre
já quis ser doce gelado
queijadinha, figo em compota
quis ser canela, cravo e pimenta
e uma pitada de sal
queijadinha, figo em compota
quis ser canela, cravo e pimenta
e uma pitada de sal
mas o nó do desejo é que
quando já se quis muito
ou ainda se quer tanto
pode-se estancar no terreno do quisera
e não saber mais o que se é
ou o que se pode ser
nem o que se deveria ser
no segundo suspenso de um suspiro
...pff...
a exalar o bem de um mal-me-quer
Quando a poetisa fala, não há crítica - só admiração.
ResponderExcluirPosso morrer em paz agora. Mas tô longe, muito longe de uma poesia bem feita, amigo. Beijo infinito.
ResponderExcluirGostei pacas disto!
ResponderExcluirAté que enfim você voltou, amigo! Quer dizer, pelo menos pra cá! Já estava ficando blogsick, vai...
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