27 de março de 2011

[...entre...]


entre viver no ato e espreitar pela janela
seguir de fato e empacar na contramão
tingir a paisagem e acinzentar os olhos
avançar no ataque e recuar ao solo

[...]

entre a brancura da luz e o véu do breu
a gargalhada compulsória e a lágrima imputada
a avidez dos abraços e a compostura dos olhos
a certeza do senso e a embriaguez dos sentidos

[...]

entre a proa dos mares e o ecoar das estradas
a rebeldia insana e a concessão descabida
o vislumbre entre as cortinas e as portas cerradas

[...]

entre o desejar liberto e o dever omisso
o despedaçar evidente e o soerguer ressentido
fico nos entremeios dos parênteses cavos

4 comentários:

  1. Sem palavras!
    Ponto!
    Essa poesia roubou minhas palavras!

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  2. Quantas vezes eu já falei que morro sem os seus comentários aqui? #EscritoraOrfãFeelings

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  3. Anônimo22.4.11

    Entre...
    Que entre tudo...
    Que você deixe entrar.
    Que entrem todas as coisas, e que entre elas esteja você, não como perdida no todo, mas como parte do todo, como portas abertas a tudo o que queira e deva entrar.
    E que entre os opostos seus em você, e entre em você um pouco um de cada lado, e que entre então você, por todos os lados, carregando pro mundo todas as coisas que deixou entrar.

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  4. Obrigada, amiga. E que entre nós exista sempre a proximidade, ainda que no espaço oco da distância descabida, doída, vã.

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