1 de março de 2011

dos nossos trilhos



É, gente confusa já se apresenta pedindo desculpas. Eu me apresento pedindo desculpas. Eu sou aquelas pessoas cujo evento que os levou a conhecer-me foi um tropeção no seu pé. Dado que Beta também se apresenta depois de um trupicão, creio que a maioria que por aqui passa os olhos também seja dessa graça. Eu gosto do Expresso porque ele é a Roberta, gosto de passar meus olhos por ele, porque é passar os olhos pela Roberta, gosto de participar dele porque é participar da Roberta. Todos aqui apreciam muito tudo isso, certo?
Faz tempo já que ela me puxou pelas mãozinhas literárias aqui pra esses trilhos alucinados, mas ela sabe que meu expresso tem vagões mil, e que, vez em vez, eu caio de um pro outro. E é mais que recorrente que eu me confunda com meu próprio caminho, isso me é próprio, em meu caminho. Tem horas que penso eu estar fazendo o tal caminho, tem outras horas, no entanto, que parece que os trilhos e eu somos exatamente a mesma essência e a mesma expressão. Eu tento me dirigir. Eu acho que sou a direção. Logo, logo vai ficar bem claro: as palavras de Beta estão sempre nos trilhos, elas balançam com o trem, elas fazem curvas com o trem, mas elas estão sempre nos trilhos, ela prossegue, ela faz paradas, ela volta a andar, tem horas que corre. Ela tem partida e tem destino, mas a Beta é sempre o trem, alguém precisa ser a lua, precisa ser a noite, constante, criando silenciosamente; o dia não é confiável, ele vai com a sua luz intensa de uma hora pra outra, e tudo o que havia sido começado de repente não é mais enxergado, o dia vai-se e com ele vão-se as suas capacidades. Mas a noite, não, a noite tem luz suficiente, a noite tem luz que não choca, a noite conhece melhor sua luz, conhece melhor que pode ser enxergado nela, quando se vai o que resta é vida. Está sempre ali, permanece e quando se transforma, é em vida: Beta e seus trilhos. Mas tão claro quanto isso é que as minhas palavras somem comigo, reaparecem comigo, escondem-se comigo, sentem alegria e vergonha comigo, elas só sabem se ver nos meus exageros, e elas sempre, sempre deixam a desejar. Eu caio, mesmo, do vagão, eu fico suspensa na estrada, eu fico suspensa na mata, eu fico suspensa no mar, eu fico suspensa em qualquer que for a paisagem em volta, quando eu entro no vagão de novo eu chego carregando muito mais bagagem que antes. Eu fiquei suspensa, lembra? Nas paisagens...fiquei catando ventos, terras, águas e fogos, fiquei catando o que me era natural. E são tantas quedas e tantas bagagens. Tantos vagões.

3 comentários:

  1. Ivy é daquelas criaturas que somem por um tempo. Ela some porque absorve tudo de tanta gente que precisa hospitalizar seu espírito para voltar à terra. E, de volta do SPA da alma que ela volta e meia freqüenta, Ivy tem esse dom que é abusivo, revoltante de tão belo: ela faz a gente se enxergar melhor, através dos olhos dela.

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  2. Anônimo3.3.11

    E é isso o que acontece aqui, Beta da Enseada surreal você ainda, nós ainda, que realidade mais encenada, uma peça você é.
    Sim, eu rabisco cada palavras sobre ti e me vejo em cada uma delas, as letras que terminam você dão início a minha, se vestir uma, a outra tá lá ao avesso, só a gente sabe disso, só a gente sabe como.
    Eu te vejo todos os dias.
    Todos os dias.

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  3. Eu te vejo, te sinto, te (re)escrevo. Só a gente sabe como dói e alivia, minha querida...

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