9 de outubro de 2010

ABC do Caipira

A, de arrancar uns trinta carrapatos depois de roçar o pasto.

B, de bornal, que é onde a gente leva a marmita do almoço.

C, de canjicão doce e canjiquinha com costelinha de porco.

D, de debulhar milho, dormir com as galinhas e acordar antes delas.

E, de "espichar", quando a gente tem que ir embora e diz: "simbora espichar".

F, de fumo de rolo, que um bocó leva horas para descascar.

G, de gongolo, que é um bicho que entra no ouvido da gente, à noite.

H, de homem com cheirinho do leite que acabou de tirar da vaca.

I, de implicar com o povo de fora, tudo metido à besta.

J, de janta, que para a gente é indispensável, e sai às seis da tarde, mais tardar às seis e meia.

L, de Laranjais, e lua cheia linda na noite de inverno.

M, de "marrento", que é como a gente chama um sujeito cabeça-dura.

N, de namorar dez anos, noivar mais três e, aí sim, casar.

O, de "ó, espia", que é como a gente diz "presta atenção".  

P, de "potranca" que, além do filhote de égua, é a moça arretada, das cadeiras largas e cinturinha de pilão.

Q, de queijo com goiabada depois do almoço.

R, de rapadura, que adoça café e pode ser temperada, com amendoim e gengibre.

S, de sonhar com a capital e, uma vez nela, ficar amuado e doido para voltar pra roça. 

T, de trepar nos pés de goiaba e jabuticaba. E trepar com uma potranca, também.

U, de "uêpa!", que é o que a gente fala quando toma um susto pequeno e besta.

V, de Vixe! Virou o tempo, vai cair um aguaceiro e o Fusca vai atolar.

X, de "ximbica", que é como a gente chama a parte mais gostosa da potranca.

Z, de "zé-dendágua", que é uma forma carinhosa de a gente se referir a outro "zé-couve" ou "bocó".

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