29 de outubro de 2010

coisas que deveríamos fazer...

...antes de bater as botas. É sério, embora essa postagem esteja marcada como "bobagens". Você já deve ter lido um milhão de listas desse tipo, mas essa vai ser diferente. Não vai haver pára-quedas, Cataratas do Niagara nem nada que envolva uma conta bancária do tipo prime. Nessa lista, você vai encontrar pequenos detalhes, desses que a gente acaba não vendo por causa da pressa da vida, da prisão das identidades ou porque, simplesmente, não estava prestando atenção. Ou ouvindo atentamente. Antes da bater as botas, proponho projetos que nos aproximem de quem somos, do que fomos um dia e de quem nem temos ideia do que podemos ser. Então, mãos à obra.

1. Fazer as pazes com prováveis, possíveis ou reais inimigos.
Porque cultivar inimizades está totalmente fora de moda, desde a queda do muro de Berlim e do fim da Guerra Fria. Bom mesmo é encher o peito de uma leveza sem fim, e se recusar a beber do veneno do rancor e da amargura. Com um sorriso sincero, um bom vinho tinto, um forte aperto de mãos e uma visita agendada, ninguém precisa bater as botas deixando inimigos para trás. É ruim para quem vai e, pode crer, pior para quem fica.

2. Falar a verdade a respeito do que se pensa.
Nenhuma verdade, por mais dolorosa que seja, fere mais do que uma mentira bem contada ou do que "panos quentes" dos quais, muitas vezes, a gente se utiliza para empurrar mais um dia com a barriga convenientemente. Dizer a verdade não machuca. Só reforça laços e solidifica a imagem que temos de nós mesmos e que os outros têm de nós. A verdade é diretamente proporcional à autenticidade.

3. Fazer uma viagem e olhar, realmente enxergar a paisagem.
Você não precisa ir para Paris para ter a sensação de que viu e vivenciou coisas diferentes e incríveis. O segredo está na maneira de olhar. Um trajeto que você faz todos os dias, de sol a sol, pode se tornar insuportavelmente tedioso. É compreensível. Mas se, nesse trajeto, você tirar o tapa-olho, olhar para os lados, para baixo e para cima, vai descobrir uma pedra diferente no caminho, uma flor que acabara de brotar, uma galera animada construindo um prédio novo, velhinhas alegres a fofocar, um maluco-beleza que se senta sempre no mesmo banco e que, um dia, pode se tornar um amigo seu, num momento de muita solidão. A vida muda o tempo todo, as pessoas também e, da mesma forma, os lugares. Sempre vai haver algo diferente para ver se você quiser enxergar. Na dúvida, esqueça propositalmente seu GPS em casa, vá às cegas e, quando (ou se) você se perder, peça informações. Na pior (ou melhor?) das hipóteses, você terá vivido uma boa aventura.

4. Cantar num karaokê.
Não precisa ser um karaokê de um bar da moda, que vai "rapar" sua carteira. Pode ser aquele karaokê de domingo, com a família reunida para um churrasco. E se você for desafinado, a experiência vale ainda mais. Não há nada mais libertador do que pagar mico em público, porque você optou por isso. No final, a gente aprende que essa coisa de "pagar mico" é invenção besta dos yuppies que, hoje, são velhinhos comportados e que fazem os netos passar por grandes vergonhas. Cá para nós, "pagar mico" é não se aventurar a pagar um mico.

 5. Trocar uma lista de defeitos e qualidades com o seu parceiro.
A coisa funciona assim: você e seu parceiro marcam um dia para escrever a tal lista. Mas, preste atenção, tem que ser no mesmo dia. Então, em segredo, vocês escrevem o que não suportam no outro e o que ainda admiram. Depois, marcam um dia para trocar suas listas. Não é para discutir as listas, okay? A ideia aqui, é de auto-descoberta, ou melhor, uma forma de constatar a quantas anda o seu relacionamento. Se, em posse da lista que o seu parceiro escreveu, você vê que o que ele não suporta em você é, de fato, o seu jeito natural de ser, já sabe que deve começar a pensar que alguma coisa está errada. Porque, se há uma verdade absoluta nessa vida, é que ninguém muda ninguém. O que a gente faz, muitas vezes, é se anular para "caber" na lista do outro. Agora, mudar para atender às expectativas, isso já é outra história. Se você não está almaço da solidão, vale à pena trocar essa lista com o seu parceiro. Mas, já aviso de antemão, tem que ter muita coragem para isso. Porque os resultados podem ser decepcionantes.

6. Entrar numa festa de penetra.
Esse tópico é auto-explicativo. Eu jamais teria coragem de partir dessa para uma melhor sem entrar de penetra num churrasco, numa festa de aniversário, num casamento, o que seja. O penetra, comprovadamente, tem 70% mais chances de fazer amigos do que um convidado oficial. Bacana demais, sô!

7. Escrever uma carta de amor.
Para os seus pais, seu filho, seu parceiro, um colega de trabalho (para o patrão fica mais difícil, admito), não importa. Pode ser um bilhete de amor, três linhas, não faz diferença. Mas as palavras escritas têm um poder incrível, ainda maior do que aquelas que a gente fala e, às vezes, deixa de falar. Então, escreva. Vai ser ótimo para o remetente e inesquecível para o destinatário.

8. Ler um livro da primeira à última página.
Não precisa ser James Joyce, nem Clarice Lispector. A parada aqui é começar uma coisa e ir até o final, mesmo que você escolha uma revistinha da Mônica. É um hábito. E, da leitura, esse hábito se estende para tudo na vida: comece, caminhe, termine, recomece. 

9. Ler em voz alta para alguém.
Esse tópico complementa o de cima. Muita gente não sabe ler, nem nunca pegou um livro nas mãos. Então, leia para essa pessoa. É recompensador, lírico, inesquecível. Para quem lê e para quem ouve a história.

10. Visitar um asilo no Natal ou em qualquer feriado besta.
Natal em família, muitas vezes, pode ser uma obrigação, uma formalidade social, assim como um monte de ocasiões que os seres-humanos inventam para se agregar. Mas, para a galera do asilo, esquecida por suas próprias famílias, Natal é uma oportunidade a mais para lembrá-los do estorvo que representam para as suas famílias práticas e horripilantes. Então, se estiver de bobeira num feriado, sem nada para fazer, ou se não quiser encarar a sogrona e o cunhado beberrão no Natal, visite um asilo. Nada substiui o sorriso agradecido de um idoso abandonado.

11. Doar sangue.
Auto-explicativo. Só não vale para portadores de hepatite ou outras doenças contagiosas. Para os demais, em menos de duas horas você doa o que tem de mais precioso em seu corpo, ajuda a salvar pelo menos uma vida e ainda ganha lanchinho depois. E volta para casa mais leve.

12. Ir a um museu ou a uma Casa de Cultura (e assinar o livro de visitantes).
Qualquer museu. Não precisa viajar mil quilômetros para ir em São Paulo. Toda cidade tem uma Casa de Cultura. Se a sua não tiver, a mais próxima terá. E valorizar o passado e as pessoas que preservam esse passado é uma forma de mostrar que você está presente.

13. Mandar alguém tomar no cu e/ou ir à merda.
Ou você pensava que essa lista era só de coisas boazinhas e altruístas? Morrer sem mandar alguém, seu melhor amigo que seja, tomar no cu ou ir à merda é inaceitável.

14. Furtar um artigo antigo de uma casa ou fazenda abandonada.
Não estou fazendo apologia à invasão de terras, pelo contrário. Mas, em casas e fazendas abandonadas, você encontra relíquias, talvez algo por que você sempre procurou e nunca encontrou. Vai ver, é no abandono que a coisa está esperando por você.

15. Ir a um sebo.
Não precisa comprar livro nenhum, se não quiser. Mas todo sebo é mágico, pode crer. Entre, dê uma boa olhada nas prateleiras que aquele velhinho vem arrumando há anos, bata um papo com ele e inspire profundamente. Sinta o cheiro dos livros antigos. Livros contam histórias, mesmo que você não os leia.

16. Tirar uma foto montado em algum monumento ridículo.
Auto-explicativo. Diversão garantida na hora e para a posteridade. Mas o monumento tem que ser ridículo. Não vale querer trepar no Pirulito da Praça Sete.

17. Passar uma noite inteira, non-stop, transando.
Super auto-explicativo. Mas tem que ser das nove da noite até as seis da manhã do outro dia. Vai dizer que você tem coragem de bater as botas sem fazer uma loucura gostosa e inofensiva como essa? Ah, claro. De sábado para domingo, para ninguém matar serviço no dia seguinte.

18. Transar no mar, em noite de Lua Cheia.
Não. Delete esse item, por favor. A coisa tá descambando para fantasias pessoais da autora. Foi mal.

18. Levar o seu filho ao lugar que você mais ama no mundo.
Ele merece isso. E você também. E passem horas por lá, explorando, descobrindo coisas novas, desenterrando antigos tesouros...

19. Ter uma conversa de homem para homem com a sua mulher, e uma de mulher para mulher com o seu marido.
Todo homem tem um pouco de mulher na alma, e toda mulher guarda um homem em seu coração. Conversando assim, vocês se entendem como jamais poderiam de outra forma.

20. Fazer uma lista como essa.
Assim, a gente vai trocando de listas, distribuindo para quem tiver a mente e o coração abertos para ler e tentar completar as "tarefas". Nessa troca, a gente aprende mais sobre o universo do outro e, principalmente, sobre si mesmo. E, se tiver coragem, faz muita coisa bacana, saudável e que dá sentido à vida antes de dizer adeus à ela.

2 comentários:

  1. quer dizer que essa parada aqui anda mudando de nome?
    ...
    =)

    a minha to-do list:

    *experimentar sabores novos, aqueles que vc tem preconceito mesmo...!

    *dançar sozinho na frente do espelho;

    *ficar pelado na frente do espelho e se encarar com bondade;

    *perdoar alguém;

    *pedir perdão;

    *dizer para alguém: você faz minha vida melhor;

    *passar uma tarde brincando com uma criança e deixar ela te ensinar algo;

    *criar um animal;

    *ler o blog da Roberta. =D

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  2. Amei sua lista. Dei um Ctrl+C / Ctrl+V básico, imprimi, e vou fazer.

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