21 de outubro de 2010

sessão-fossa


Tom Cruise e Cameron Diaz, em "Encontro Explosivo"
Ontem minha mãe me emprestou o DVD que tinha acabado de pegar na locadora, "Encontro Explosivo", o mais novo filme de Tom Cruise e Cameron Diaz. Para você ter uma idéia, ela tinha acabado de assistir a esse blockbuster de ação lá  pela meia-noite de anteontem, e me ligou alucinada, quase histérica, dizendo que o filme era tão bom, mas tão bom, que ela tinha até perdido o sono.

Bom, Tom Cruise (em algumas cenas sem camisa), pilotando motocas alucinadas no meio de touros, pelas ruas de Sevilha, com espionagem, muitos tiros e romance, mais o astro fazendo caras e bocas que só Mr.Cruise consegue fazer já valem o ingresso para o cinema, o que dirá ter a fita, oops, o DVD em mãos para colocar as melhores cenas em slow motion e brincar com as teclas F.Forward e Reward do controle remoto, até cansar. 

Se você é menina e nasceu antes da década de 80, não tem jeito. Já teve um crush platônico por Tom Cruise. É inevitável. O cara com óculos Ray Ban pilotanto caças e levando a namorada para passear de moto, depois um barman sedutor, outra hora dançando no corredor da casa só de camisa social e cueca (ai, ai), ainda dentuço e com o cabelo comprido, amansando unicórnios, mordendo pescoços incautos como o vampiro mais sexy de todos os tempos, jogando sinuca com o Paul Newman, escalando montanhas no Grand Canyon... Enfim, ele é maluco, cientologista, comeu a placenta da esposa, falou besteiras homéricas no programa da Oprah, mas, venhamos e convenhamos, o cara é O CARA. E já está filmando Missão Impossível IV. Garotas, hold your horses

Mas, ontem, eu não assisti ao "Encontro Explosivo". Pus-me de pé diante da estante da sala e vi três outros filmes, esses já velhos companheiros meus de fossa: "As Pontes de Madison", "Em Algum Lugar do Passado" e "Entre Dois Amores". Que dilema escatológico foi o meu, ontem à noite. De um lado, um lançamento de pura adrenalina com o Tom. De outro, romances melodramáticos e lindos, daqueles para se assistir com um pote de Hershey's inteiro na mão - ou, no meu caso, leite com biscoito recheado - e chorar, chorar e se entregar de braços abertos à dor de cotovelo. E não é só isso. A competição, aqui, é feroz: Tom Cruise, Clint Eastwood, Christopher Reeve e Robert Redford. 

Antes de eu ter um crush pelo Tom, meu coração já pertencia a outro alguém, desde os meus quatro aninhos. Eu era toda olhos, alma e esperença pelo Superman, vulgo Chris Reeve (ou não seria o contrário?). Na verdade, o Superman é o meu ideal masculino até hoje. Ah, amiga, pode confessar... Que mulher não quer um pên..., oops, um homem de aço, cavalheiro até o fim dos dias, romântico, melancólico e que não mente jamais? Bom, eu sou das antigas. O Wolverine também não é nada mau, mas já fuma charutos, é dissimulado, tem níveis perigosamente altos de testosterona e, o que é pior, pode te arranhar todinha na hora H. Então, no quesito super heróis, fecho com o Superman. 


"Em Algum Lugar do Passado"
Por isso meu filme-fossa de ontem foi "Em Algum Lugar do Passado". Resumo da ópera para quem não viu o filme em questão, de 1980: O ano é 1972. Richard Collier (Christopher Reeve) é um jovem teatrólogo que conhece, na noite de estréia da sua primeira peça, uma senhora idosa, que lhe dá um antigo relógio de bolso enquanto, em tom de súplica, lhe diz: "Volte para mim". Ela se retira sem dizer mais nada, deixando Richard intrigado, enquanto volta para o seu quarto no Grand Hotel. Oito anos se passam. Richard não consegue terminar sua nova peça, e assim decide viajar sem destino certo, indo se hospedar no Grand Hotel. Lá resolve visitar o Salão Histórico, que está repleto de antiguidades e curiosidades do hotel, e fica encantado com a fotografia de uma bela mulher.

Como não havia plaqueta de identificação, Richard procura um antigo funcionário do hotel, que lhe diz que o nome da mulher do retrato é Elise McKenna, uma atriz famosa que fez uma peça no teatro do hotel em 1912. Collier fica tão obcecado pelo rosto de Elise que decide não partir. Vai, então, a uma biblioteca próxima, onde pesquisa sobre McKenna. Para sua surpresa, descobre que Elise é a mesma mulher que lhe deu o relógio, que ele carrega consigo até hoje. Richard, então, procura a autora do artigo sobre Elise. Inicialmente ela não o recebe bem, mas quando ele lhe mostra o relógio, ela fica espantada, já que aquele era uma objeto de estimação do qual a atriz nunca se separava, e que sumiu na noite em que ela morreu, ou seja, na noite em que falou com Richard. Ele toma consciência, então, de que ele e Elise tinham ou têm vários fatores em comum, mas parece que, para achar a peça que falta deste intrincado quebra-cabeças, ele terá de ir em algum lugar do passado.


"Entre Dois Amores"
Sacou o drama? E a trilha sonora de John Barry, com o tema principal, fecha a noite com chave de ouro banhada em lágrimas. Tá na chuva, é pra se molhar, não é mesmo? Que "Encontro Explosivo", que nada! "Em Algum Lugar do Passado" tem as cenas de amor mais lindas do cinema, e a química de Reeve com Jane Seymour é eletrizante (mas, também, quem não teria química com o apaixonado e devotado Richard, interpretado pelo Superman...?). O final, logicamente, eu não vou contar aqui. Quem já assistiu ao filme sabe e nunca mais se esquece. Quem não viu, ainda está em tempo de ter sua sessão-fossa prime time particular, com direito à sorvete, pipoca, vinho ou biscoito recheado. Você escolhe. 

Para saudosistas de plantão, um romance dos anos 80 é bem mais atraente do que uma aventura psicodélica de 2010, mesmo que esta tenha Tom Cruise no elenco. Mas, pensando bem, Chris Reeve é eterno, tanto lá no passado, com a sua amada Elise, quanto voando com Lois Lane para o "Fortress of Solitude", aquele templo de gelo e cristais aonde ele ia para se lembrar de Kripton. O atemporal, mesmo que envolva uma viagem ao passado, é que fica gravado na alma da gente. E contra fatos, não há argumentos. 


"Superman - Parte II"
Hoje eu não tenho escapatória. "Encontro Explosivo" me espera. Claro que minha mãe vai ralhar comigo - afinal, vai ter que pagar três locações - mas o que preocuparia meus pais, mesmo, é se eu optasse pelo Redford, perdido na África com a Meryl Streep, numa história de amor que não se resolve, e por isso é tão bela. Nada de novo, desde Shakespeare e seu "Romeu e Julieta": o amor só é belo se for eterno. E, para ser eterno, ele não se realiza, o casal não vai para a igreja e faz votos de "até que a morte os separe", não há bebês melequentos na parada, nem discussões de relacionamento e, muito menos, rotina massacrante e contas a dividir. Belo é o amor de Abelardo e Heloísa, de Richard e Elise, de Francesca e Robert, de Karen e Denys e todos esses amores que não têm aquele finalzinho feliz besta que a gente espera e, por isso, a coisa toda é tão linda e real. E haja biscoito recheado, sorvete, vinho, leite, café, água e metros de lenços de papel...     

2 comentários:

  1. Ai, caramba, o que será da minha reputação depois disso, mas vamos lá:
    eu adoro o Tom Cruise! Fico me sentindo teen de novo qdo vejo qquer filme dele! Mas é claro que a voz da trintona está presente e acabei achando esse Encontro Explosivo (e outros filmes dele mais recentes) muito cretino. Mas, tenho que confessar: a minha coleção de posters dele, que juntei qdo tinha uns 13,14,15, continua guardadíssima! Ai, falei e pronto! =/

    Todo mundo tem um bom filme velhinho que ama, não é verdade? Sou apaixonada por "A cor púrpura" e "Cinema Paradiso",a primeira vez os vi no video cassete (ops, revelei minha idade!).

    E meu herói favorito é o Homem- Aranha. (É, I like nerds...! :O )

    Mas, caramba, nunca chegarei perto a essa sua paixonite precoce pelo Mr Reeve. =)

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  2. Mi, se o Tom Cruise vier a Mendes, ele se apaixona por mim. Só não se apaixonou ainda porque não veio conhecer o 4° Clima do Mundo, hehehe. Pronto, falei. E quanto ao Mr. Reeve, amiga, é paixão insuperável. Não creio que você dá pala para o Peter Parker!!! Blah...

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