10 de outubro de 2010

TU


eu queria saber fazer poesia
para contar um milhão de estrelas
só em versos e rimas
para fazer caber a sinfonia que me inspiras
numa caixa de música das palavras

onde teus olhos pudessem percorrer
na sintaxe miúda das metáforas
meu corpo tépido, sequioso, imoderado
e a minha alma sem ponto final
tudo para voltares logo à primeira linha

mas sou menina insegura, às cegas
na arte de poemizar
sou nada mais que fonte de sentimentos
desejos de tempo e afãs (in)contidos
em febre para jorrar. verter. ressumbrar

falta-me o talento, sobra-me o verbo
que tento organizar em versos
que nem chegam a ser versos
dessa mulher hoje tua, hoje mais

do que aquela garota a correr por tuas ruas

falta-me a prática, o conhecer
sobra-me a intuição
e desajeitada, virgem de rimas
desembalo. desnudo-me. (re)descubro-me
a te imaginar lendo esses rabiscos pueris

que não são rabiscos, nem pueris
antes, são sonhos imensos, maduros
de espera sazonada, sorrisos e gozos
palavras tantas, mas poucas, que as resumo
em duas letras, meu título
TU.

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