26 de outubro de 2010

a primeira vez


"Promessa de Primavera", Lawrence Alma-Tadema
O primeiro encontro de Rosana e Moacir já estava agendado há semanas. Seria um dia especial para ambos por muitos motivos. Para Moacir, aquela seria a primeira noite, em pleno dia útil da semana, que ele passaria fora de casa. Para Rosana, seria o primeiro passo que a aproximaria dele, sua paixão secreta e antiga, que ela trancara em seu subconsciente, mas jamais se permitira vivenciar, de fato. Moacir era, para Rosana, como uma fotografia antiga e amarelada, que ela guardava com todo o cuidado no fundo de uma caixa de jóias, dentro de uma gaveta oculta do armário. Mas que, de vez em quando, ela abria, observava com carinho, tocava as bordas do retrato, colava os lábios no papel como a beijá-lo e, em seguida, guardava tudo novamente, em seu devido lugar.

Rosana e Moacir se conheciam há anos, mas nunca tiveram contato um com o outro, na verdade. Rosana morava numa cidade grande, ocupada com um trabalho que não tinha muito a ver com ela e com uma vida na qual ela lutava para encontrar sentido. Moacir morava em outro estado, a quilômetros dela, e tocava sua vida exatamente como a havia planejado: num traço reto, como numa linha de trem, dando continuidade a todos os seus projetos e construindo seu universo inteiro ao redor daquele local e de sua gente. Rosana era mais "mundana", por assim dizer. Rodava cidades e estradas, começava uma história e logo punha um fim a ela, sentindo-se sempre deslocada, como se não houvesse ainda encontrado um lugar só seu, para fincar raízes e aquietar o espírito.

Moacir e Rosana eram o reverso um do outro, na mesma moeda. Ela, uma sonhadora irrecuperável, que acreditava no destino, na felicidade e na ideia de que, se alguma coisa acontecesse, era porque deveria ser, com certeza. Rosana era a utopia em forma de mulher: pela realização pessoal e pelo amor pelos quais ela tanto ansiava, correria o mundo, recomeçaria a vida mil vezes, apagaria o passado para reescrever o presente, entregaria seu corpo e sua alma sem reservas. Moacir possuía lá seus sonhos, mas estes eram muito antigos, desejos que ele sepultara há tempos, e nem poderia imaginar que, um dia, bateriam à sua porta. Ele não levitava, como Rosana. Tinha os pés firmes no chão, não contava seus segredos e histórias facilmente e, sua diferença maior para com a moça, tinha muitas reservas. Era como se o coração de Moacir estivesse protegido por uma couraça impenetrável. Por isso, ele não se machucava tanto quanto ela. Por isso seu sorriso era mais fácil e seu espírito, mais leve. Para Rosana, que se entregava ao mundo, dava as mãos à palmatória o tempo todo e não se escondia da vida para se preservar, machucar-se era muito mais fácil, assim como ter a alma coberta de cicatrizes também. Por isso ela não possuía a leveza e o riso fácil de Moacir. Por isso era mais introspectiva, quase melancólica. Por isso fora capaz de amá-lo em segredo por tanto tempo.

O primeiro encontro dos dois seria, então, um tiro no escuro, já que nenhum deles sabia como o outro era, de fato. Moacir se lembrava de Rosana como uma moça alegre e sorridente, segura de si e de quem, de vez em quando, ouvia notícias por um amigo ou conhecido em comum com ela. Rosana, ao contrário, não se lembrava de Moacir. Ela sentia que já o havia conhecido há anos, como se tivesse vivido com ele por um tempo e, depois, houvessem se separado por um capricho do destino. Ela só precisava de um espaço, de uma ponte para cruzar e chegar até ele e, então, olhá-lo nos olhos, e não mais a uma ideia de fotografia antiga e amarelada. Para Moacir, Rosana era, e seria uma surpresa. Para Rosana, Moacir era apenas um fato natural de sua vida, mesmo que contrafactual, como o fluir sereno de um riacho, alguém que ela simplesmente precisava ver, tocar, ouvir e ter.

Ela chegou ao local combinado duas horas antes dele. Levara um livro consigo, para fazer-lhe companhia. Em situações como aquela, era sempre bom ter um livro amigo. Era o aniversário de Rosana aquele dia. E ela exultava porque ganharia um presente que sempre quis, mas nunca teve. Arrumou-se caprichosamente para aquele encontro. Roupas novas, sapatos novos, cabelos arrumados, maquiagem bem feita. Olhou-se no espelho-retrovisor do carro e sorriu, satisfeita com o resultado. Ela brilhava, como há muitos anos não brilhava mais. 


"Flores de Primavera", Lawrence Alma-Tadema
Rosana escolheu uma praça arborizada para esperar por ele. Não havia recebido nenhuma ligação até aquele momento, mas não perderia seu dia por causa disso. Ela fora treinada para esperar sempre o pior, sempre nada e, caso ele não viesse, ela suspiraria e voltaria para casa, no dia seguinte. Infeliz, mas viva. Ligou o rádio do carro, mas não havia música nenhuma apropriada para aquele momento. Então, pegou o livro. Recostou-se no banco, esticou as pernas para fora da janela e pôs-se a ler. Passaram-se trinta, quarenta minutos. Ela cochilou um pouco. O dia estava quente, o céu de um tom lápis-lazúli, e uma brisa refrescante entrava pela janela. Ela perdeu a noção do quanto havia dormido. Tinha a sensação de estar suspensa no espaço, onde não havia horas, minutos, nem segundos. Mergulhada num estágio de vigília e sono, Rosana vias as folhas das árvores balançando e o sol brincando de se esconder por elas, via as pessoas passando pela avenida, e um velho mendigo sentado no ponto de ônibus, sua barba comprida e emaranhada, uns olhos fundos e tristonhos. "Se ele não ligar, ou não vier, já tenho um amigo para fazer por aqui e bater papo", ela pensou, rindo de si mesma, olhando para aquele mendigo solitário. Solitário como ela, só que sem uma casa onde morar.

Quando o celular tocou, seu coração acelerou as batidas. "Oi...!". Era sempre assim que ela o atendia. Para o resto dos mortais, um "alô" seco bastava. "Você já chegou?", ele perguntou, ansioso. "Já, tô te esperando". "Tem muito tempo que chegou?". "Nada! Uma meia horinha, só". Ela sempre o poupava de desconfortos, e sempre o faria, se houvesse um próximo encontro, coisa na qual ela não depositava muita fé. "Então, você tá onde?", ela perguntou, insegura. E se estivesse ainda à milhas dali? E se nem tivesse vindo, de fato? "Na entrada da cidade. E você?"

Rosana suspirou, aliviada. Ele tinha vindo. Não precisaria travar diálogo com aquele mendigo solitário para passar o tempo, nem ficar naquela cidade desconhecida, sozinha, para voltar no dia seguinte sem precisar dar explicações a ninguém. Rapidamente ela suspendeu o banco do carro, retocou o batom, ajeitou os cabelos, guardou o livro e se aprumou. Pigarreou de leve, para que sua voz soasse mais límpida e segura. "Bem, eu tô numa praça. Vou te esperar". Ela havia esperado por aquele momento por semanas, vivendo em contagem regressiva. Havia ensaiado mais de mil formas de abordá-lo, como uma adolescente boba do interior. Nos seus planos, ela esperaria por ele do lado de fora do carro, numa pose altiva, com as pernas cruzadas. Ou então, podia caminhar calma e lentamente até ele, quando chegasse. Muito lentamente, para que ele não percebesse sua ansiedade. Poderia, também, sentar num dos bancos da praça e esperar por ele como se horas não tivessem passado. 

Ensaiara, também, o que poderia dizer a ele. "E então, valeu a viagem?". Não, muito casual. "Oi! Que bom que veio!". Não. Assim ele saberia que ela duvidava que viesse. "Sabia que você é o meu presente hoje?". Não. Simplesmente patético. Ou então: "Meu Deus, quanta saudade, você não faz idéia de como eu senti sua falta...". Era isso o que queria dizer, mas Moacir sempre lhe dizia que saudade só se sente de algo que já se teve e, como eles nunca haviam tido nada, principalmente um ao outro, ele não daria crédito algum se ela dissesse que, sim, contrariando sua teoria estapafúrdia, ela sentira saudade, e muita. 

Perdida em seus ensaios para o encontro perfeito, ela se assustou com o toque do celular, novamente. "Oi..!". "Não tô achando essa sua praça de jeito nenhum. Escuta, vou parar num posto, na entrada da cidade, e você vem pra cá, tudo bem?". Ai, ai... Lá se foram, por água abaixo, todos os seus planos e ensaios. Mas assim era Moacir. Mais prático do que ela, não tão apaixonado quanto ela, na verdade apenas curioso, indo direto ao ponto. "Tá bom. Então fica parado, se não, não te encontro".

Rosana levou pouco mais de cinco minutos para encontrar o tal posto. Mas não o viu. Claro, Moacir nunca ficava em plena vista. Estava quase na saída do posto, ele, sim, esperando-a em pé, com as pernas cruzadas. "Ainda roubou minha cena, essa praga!", pensou. Parou o carro com o coração batendo tão rápido que retumbava-lhe nos ouvidos. Suspirou, olhou-se rapidamente no espelho, soltou os cabelos e pensou, irritada, que seria ele a vê-la sair desajeitada do carro, arrumando as roupas, ajeitando os sapatos, enfim... Planejar algo tão inesperado e inusitado quanto um encontro com Moacir seria, no mínimo, inútil. 

Então ela o viu de verdade. Estava ainda mais bonito do que ela se lembrava. Usava jeans escuros e tênis brancos, uma camisa pólo verde e uma jaqueta de camurça marrom. De longe, já sorria para ela e arrumava os cabelos desalinhados. "Lentamente, Rosana. Caminhe para ele lentamente. E sem falar nenhuma bobagem para ocupar o silêncio". Para os diabos com aqueles planos! Ela praticamente correu até ele e envolveu seu corpo num abraço de panda. Nem olhou para ele. Somente o abraçava e beijava suas bochechas e cheirava seu pescoço, pendurando-se a Moacir e quase jogando-o para trás. "Meu Deus, quanta saudade, você não faz idéia de como eu senti sua falta...". Pronto. Ela havia falado. E tudo o que dizia a Moacir era porque sentia necessidade de dizer, sem que ele precisasse dizer-lhe o mesmo em troca. 

"Fica um pouco mais de longe pra eu te olhar direito, Rosana. De perto, não vejo direitinho, não!". Ambos riram de si mesmos, da situação, do posto e dos frentistas que olhavam para eles e dos carros que passavam e buzinavam para aquele casal abraçado, perdido no meio do mundo. "E então, o que a gente faz agora?", ele perguntou. Rosana odiava aquilo. Odiava ter que conduzir a coisa, dar sugestões, ditar as regras do jogo deles. E ela lá saberia o que fazer agora? Entre almoçar, ficar parados ali, olhando-se e beijando-se num posto em plena avenida, parar o tempo ou voltar cada um para sua casa, decidiram procurar um lugar para ficar. "Você conhece a cidade, né, Rosana?". É claro que ela não conhecia. "Você é péssimo em primeiros encontros, Moacir", ela farreou com ele. 

Perderam ainda uma hora até encontrarem uma pousada razoável. Mais tarde, descobririam que a cama rangia como múmias do submundo, os travesseiros eram baixos e molengos, o serviço de quarto praticamente não existia e a pizza que serviam era a da pior qualidade. Mas nada daquilo importava, de fato. Era o primeiro encontro deles, estavam juntos e poderiam começar a se conhecer de verdade.


"Chez Le Pre Lathuile", Éduard Manet
De lá, seguiram para um café da cidade. Não haviam almoçado, mas, àquela hora, não encontrariam comida em lugar algum. E, de fato, não queriam perder mais tempo com detalhes que poderiam ter planejado antes. Rosana não poderia dizer quanto tempo passaram ali, conversando, contando histórias um do outro e rindo como há tempos ela não ria. Ela lembrava que, quando chegaram, o sol ainda estava quente e o céu azul e, quando decidiram voltar, o dia já havia cedido espaço para o lusco-fusco do poente, e soprava um vento frio do sul. Ela comeu pouco, quase nada. Quando estava com ele, esquecia-se de detalhes "banais" como comer, olhar as horas e ligar para o serviço, por exemplo. Com ele, Rosana poderia ver o mundo desabar lá fora e não sentir a menor turbulência em seus braços. Com Moacir, Rosana entendeu porque o tempo presente tem esse nome. Poder viver o presente, sem medo do futuro, nem assombrações do passado, era uma dádiva. Um presente que só Moacir era capaz de lhe dar. Naquele café, Moacir aprendeu qual era a bebida favorita de Rosana e ele, mesmo tendo a sua própria, acompanhava Rosana. Na verdade, os dois aprenderam muita coisa um sobre o outro naquele café. Aprenderam que seriam sempre honestos e abertos entre si, que não poderiam prometer nada para um futuro distante, apenas viver dia após dia, como a vida os permitisse, e que tinham muita coisa em comum, a despeito das diferenças na maneira de olhar: Moacir, mais otimista, embora sempre com os dois pés atrás para se resguardar. Rosana, contraditoriamente, mais pessimista que Moacir, mas pronta para entrar naquele terreno com os dois pés, os dois braços, mais o carro, o gato, o cachorro e o papagaio. Enfim, eles eram o reverso de cada um, numa única moeda.

Depois de mais de dez horas de conversa, Moacir já sabia muitos segredos de Rosana, embora ela não houvesse descoberto muita coisa dele. Não fatos palpáveis, porque, intuitivamente, ela conhecia aquele homem como jamais houvera conhecido nenhum. Já era meia-noite, ambos estavam cansados de tanto falar, rir e (re)descobrir. Rosana observou Moacir ir até o banheiro e vestir uma camisa e uma bermuda. "Bem, acho que essa é a deixa pra dormir", ela pensou, confusa. Talvez ele não a quisesse, talvez não houvesse química entre eles, só uma enorme sintonia que poderia virar uma grande amizade, embora Rosana desejasse Moacir como tudo, menos amigo. E, se fosse assim, talvez tudo fluiria mais facilmente para os dois, sem que se entregassem completamente.

Rosana levantou-se, foi até a bolsa que havia trazido e pegou uma camisola. Em casa, ela jamais usaria uma camisola para dormir, e muito menos uma calcinha tão desconfortável como aquela. Mas, sendo uma mulher, ela sabia que não poderia vestir seus pijamas surrados e suas calcinhas molambentas para se encontrar com Moacir. Ah, não. Calcinha desconfortável e sexy, sim. Calcinha molambenta e ultra-confortável, jamais. Esta era apenas uma das desvantagens em ser mulher. 

Rosana escovou os dentes, ofereceu sua escova a Moacir e vestiu a camisola. Olhou-se no espelho do banheiro e se sentiu como uma impostora, ridícula numa camisola que comprara para aquela ocasião e que era feminina demais para ela. Suspirou. O que não tem remédio... Nua é que ela não poderia ficar. A maquiagem, que fizera cedo pela manhã, estava meio borrada. Ela fez o que pôde para consertar o estrago, e se amaldiçoou mil vezes por não ter trazido lenços umedecidos, nem demaquilante. "Da próxima vez, não, Rosana, sua imbecil, se houver uma próxima vez, você traz o demaquilante".

Suspirou, encheu-se de uma coragem olímpica e caminhou até a cama. Deitou-se de costas para ele, que a abraçou. "Eu nunca vou esquecer esse dia, Rosana". Ela adorou aquela frase mas, lá no fundo, sentiu uma pontada de dor porque achou que a fala de Moacir representava uma despedida velada, uma forma de ele lhe dizer que aquela seria a primeira e única vez em que estariam juntos. Ela sorriu, tímida e deslocada, e olhou para ele. Não queria dizer "eu também não", não queria despedidas, mas, ainda assim, disse, para não deixá-lo no vácuo. 

Ela o escutou preparando-se para dormir e pensou: "Meu Deus, tô totalmente sem sono, não tem uma luminária para eu ler aqui, e nem sei se luz acesa atrapalha esse homem... Como eu vou fazer para dormir?". Claro, ela poderia se valer de um comprimido que a apagaria em meia hora, mas, tomar remédios para dormir, num primeiro encontro, podia deixar uma péssima impressão. Isso ela não faria. Que ficasse insone feito uma coruja solitária a piar na mata!


Apolo e Daphne, J.W. Waterhouse
Ela chegou seu corpo mais perto do dele, porque queria sentir aqueles braços envolvendo-a uma última vez. Então, Moacir, ainda mais tímido e embaraçado que Rosana, deslizou a mão por uma de suas coxas. Rosana arregalou os olhos no escuro e sentiu uma descarga elétrica percorrer seu corpo. Não se virou de imediato para ele, não sabia exatamente o que estava acontecendo, ou não acontecendo, ou se estava simplesmente sonhando acordada. Então, Moacir subiu sua camisola e  afastou sua calcinha para o lado. "Que alívio", Rosana pensou. "Não aguentava mais essa coisa me incomodando". Beijaram-se, nervosos, ansiosos e sequiosos. Ele tentou penetrá-la por trás, mas ela queria, precisava ver o rosto dele, por isso puxou-o para cima de si. Ele resistiu um pouco, no começo, mas logo se posicionou e abriu-lhe as pernas. Rosana assustou-se. Não estava esperando mais por aquilo, seu corpo já havia se desconectado da ideia de se entregar aquela noite. "Espera, Moacir, vai devagar". Ele pareceu não ouvi-la. Estava concentrado em possuí-la, em consumar aquele encontro a todo custo. Ela tentou se levantar, para tirar a camisa dele, beijar-lhe o peito, mas ele a empurrou delicadamente para a cama de novo, e se despiu sozinho. Rosana sentiu-se meio boba com aquela camisola desconfortável enrolada até a altura dos ombros e a calcinha mal ajeitada no corpo. Como ele não fez menção de despi-la, ela mesma o fez.

Agora estavam ambos nus e arfando. Havia um espelho grande em frente à cama, mas Rosana estava tão embaraçada que não ousou olhar para o reflexo dos dois uma única vez sequer. Ela tinha idealizado aquela noite com demora, vagar e sutileza, mas Moacir a penetrou com fremência, olhando-a nos olhos, na crueza pura e real do sexo. Ela não sabia como se mexer, ou se deveria se mexer, sua cabeça rodava e ela chegou a ficar tonta. Então, ele disse, bem próximo ao seu rosto, inebriando-a com seu hálito morno: "Agora eu posso ter saudade. Agora eu tenho você". E beijou-a na boca, buscando-lhe a língua que ela teimava em esconder, porque temia não o beijar da maneira que ele gostasse.

Quando Rosana ouviu aquelas palavras, acompanhadas do gemido profundo, muito baixo de Moacir, soube que pertencia a ele, e que pertenceria para sempre, mesmo que aquele fosse o único encontro deles. Ele virou-a de lado, encaixando seus quadris no sexo entumescido, quase voraz. Era inacreditável, mas ele podia dar estocadas lentas e vêementes e falar ao mesmo tempo, e tudo isso sorrindo: "Eu preciso ver quando te encontro de novo, Rosana". Ela quase explodiu de felicidade e gozo. Moacir puxou-lhe os cabelos com gentileza, para que ela levantasse um pouco mais a cabeça, segurou um dos seus seios, pequenos em comparação com suas mãos grandes e disse, sério, ao seu ouvido: "Eu quero, eu preciso te namorar, Rosana". Então o mundo parou de girar para ela, a realidade lá fora dissolveu-se por completo e Rosana descobriu que poderia se entregar, amar, dar e sentir prazer. Aquela noite, Rosana sentiu um sono natural, impactante, daqueles de se dormir por dez horas seguidas, sem um comprimido sequer. E de alguma forma, na intuição que conduzia a maioria de suas decisões, ela soube que aquele não seria o único encontro deles.      

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